terça-feira, 13 de outubro de 2009

Qual o limite saudável de convivência entre brincadeira e sujeira?

Para evitar bactérias realmente perigosas, a resposta é simples e barata: lavar as mãos com água e sabão.



POR: RENATA VASCONCELLOS, em: http://g1.globo.com/bomdiabrasil



Pesquisas no mundo todo vêm provando que nossas avós estavam certas. Um pouquinho de bagunça em um ambiente muito limpinho pode fazer bem à saúde.



Brincadeira, liberdade, espaços abertos.
Olha as crianças levando tombo, respirando poeira.
É a lama do futebol, a areia do parquinho, o irresistível papel do chão.
Alegria e sujeira são difíceis de separar. Um mundo de sensações. Criança é assim: se até um pedacinho de papel parece tão curioso, o que dizer da areia do parquinho? A cor, a textura, ô, liberdade boa. Quem quer incomodar? Mas por que elas insistem em colocar tudo na boca?
A resposta para esse irresistível instinto pode estar na natureza. Claro, viver é perigoso. E com a descoberta desse maravilhoso mundo novo, vem a sujeira. Micróbios, bactérias, parasitas também estão dentro de nós. Carregamos, cada um, cerca de 90 trilhões de micro-organismos. Falha da máquina humana? Nada disso. Segundo os cientistas, esse contato, terror das mães zelosas, pode ser precioso para a saúde.
Quando a gente nasce, o nosso sistema imunológico é como um computador sem programa. Ele precisa de instruções. Deixar as crianças livres, em contato com o ambiente não tão limpinho de ruas, praias e parquinhos, ajuda a "ensinar" o sistema de defesa do organismo, ainda em formação. Quando esse sistema está em equilíbrio, duas substâncias chamadas TH1 e TH2 ficam no mesmo nível. Genética e meio ambiente controlam essa gangorra. Se a flora intestinal e o corpo como um todo não são estimulados por esses micro-organismos que vêm de fora, os níveis de TH1 diminuem e aí é porta de entrada para alergias e outras doenças. A preocupação excessiva com ambientes ultralimpos pode explicar por que Suécia, Japão, Canadá e Estados Unidos são os países campeões em asma e alergias. "Os antibióticos alteram a flora bacteriana e intestinal. As crianças ficam menos expostas à sujeira ambiental, o sistema imune de proteção TH1 fica mais preguiçoso e quem começa a aparecer é o TH2 que está associado à presença de alergias", explica o alergista Mario Geller.
Mas então, como fazer? Como deixar as crianças brincarem à vontade para preparar seu sistema imunológico sem se arriscar com bactérias realmente perigosas? A resposta é simples e barata: água e sabão. “O que a gente tem que lembrar? Cuidei do bebê, troquei de fralda, lavo minhas mãos. Chego em casa, vindo de qualquer lugar, lavo minhas mãos. Lavar as mãos é o cuidado mais importante que a gente tem para evitar infecção em qualquer situação", ensina a alergista Rosana Rangel. A infectologista alerta: pombos, cães e gatos não combinam com areia. “Aquela coisa de levar um monte de cachorro para praia, na realidade, é perigoso também por que as fezes de cachorro podem estar contaminadas com larva que produz doença", destaca a alergista Rosana Rangel. O que os cientistas ensinam é aquilo que nossas avós sempre souberam: equilíbrio e moderação fazem bem à saúde. "O caminho ideal sempre é o caminho do meio.
A mensagem é equilíbrio. Viver mais com a natureza, estar longe de fumaça, de poluição, nem que seja nos finais de semana. Não só ficar confinada a locais onde tudo é controlado, a umidade, etc. Tentar levar uma vida mais saudável, uma vida mais ligada à natureza mesmo e de vez em quando pegando fruta no pé”, afirma o alergista Mario Geller.

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